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Motivações
O Problema da Reta Tangente
Uma das ideias centrais do cálculo diferencial é a noção de derivada. O surgimento do conceito de derivada foi motivado por um problema de geometria: o problema de encontrar a reta tangente a um ponto de uma curva.
O conceito de derivada não foi formulado até o início do século XVII, quando o matemático francês Pierre de Fermat, tentou determinar máximos e mínimos de determinadas funções especiais. A ideia de Fermat pode ser entendida se nos referirmos à curva na Figura abaixo. Suponha que cada ponto desta curva tem uma direção definida de que pode ser descrito por uma reta tangente. Algumas destas retas tangentes são indicadas por linhas em vermelho na figura.
Fermat observou que em certos pontos nos quais a curva tem um máximo ou mínimo, tais como os destacados na figura, a reta tangente deve ser horizontal. Assim, o problema de localizar tais valores extremos foi reduzido a resolver outro problema, o de localizar as tangentes horizontais.
Isso nos leva a questão mais geral de determinação da direção da tangente num ponto arbitrário da curva. Foi a tentativa de resolver este problema em sua generalidade que levou Fermat a descobrir algumas das ideias rudimentares subjacentes à noção de derivada. Embora o conceito de derivada tenha sido originalmente formulado para estudar o problema das tangentes, logo descobriu-se que ele também fornece uma maneira de calcular a velocidade e, mais geralmente, a taxa de variação de uma função.
Vamos começar a colocar matematicamente o problema da reta tangente. Nesse problema temos uma função e um ponto no gráfico de
e queremos determinar a equação da reta tangente ao gráfico de no ponto , como
mostra a próxima figura .
Uma primeira tentativa de definir a reta tangente à curva no ponto seria como a reta que toca a curva apenas nesse ponto, como é usual definirmos no caso de retas tangentes a círculos. Mas essa definição não se mostra correta como as imagens subsequentes irá convencê-lo.
Na Figura anterior a) a reta que gostaríamos de denominar de tangente corta a curva em outro mais de um ponto. Na Figura b), vemos que a reta desenhada corta o gráfico em um único ponto, mas com certeza não é o que queremos chamar de reta tangente.
Destacamos que essas dificuldades não podem ser contornadas facilmente e temos que desistir da idéia de definir a tangente a partir do conceito de “tocar a curva em só em um ponto”, e procurar uma outra idéia.
Coeficiente Angular.
Exceto nos pontos nos quais a reta tangente é vertical, o problema de encontrar reta tangente no ponto se resume ao problema de determinar a inclinação da reta tangente à no ponto , i.e., o coeficiente angular da reta tangente.
Um modo de atacar esse problema é aproximar o coeficiente angular da reta tangente utilizando retas que passam pelo ponto e por um segundo ponto, que denotaremos por . Ou seja , aproximando o coeficiente da reta tangente a pelo coeficiente da reta secante por e .
Aproximando o Coeficiente Angular
Se considerarmos que o ponto tenha coordenadas e que o ponto tenha coordenadas , então o coeficiente angular da reta secante é dado por:
(1)
Conforme o ponto se aproxima do ponto temos que a inclinação da reta secante por e se aproxima da inclinação da reta tangente a no ponto e no ‘‘limite’’ é igual a inclinação. Assim temos:
O limite anterior se existir, é denominado de derivada da função no ponto .
Inclinação da reta tangente
Definição 1.
Seja uma função definida num intervalo aberto contendo . A inclinação da reta tangente ao gráfico de no ponto
é dado por
(2)
desde que o limite exista.
Velocidade Instantânea
Suponha uma partícula que se move em linha reta e cuja posição em função de é dada pela função . A a velocidade média no intervalo é dada por:
(3)
Podemos aproximar a velocidade instantânea no tempo , como a velocidade média no intervalo tomando valores de suficientemente pequenos. A velocidade instantânea será o limite, quando , das
velocidades médias da partícula entre os instantes e . Ou seja , temos a seguinte definição:
Definição de velocidade
Definição 2.
Se um ponto se move sobre a reta tal que sua posição é descrita por , então a velocidade no instante é dada por:
(4)
desde que o limite exista.
Exemplo 1. Se a posição de uma partícula é dada por , onde é medido em metros e em segundos.
Determine a velocidade no instante . Qual a velocidade no instante ? E em ?.
Determine os intervalos de tempo que a partícula se move para a direita e para a esquerda.
Em que instantes a velocidade é ?
Resolução
A velocidade no instante é dada por
Logo a velocidade no instante , é dada por .
A velocidade no instante é dada por e no instante é dada por .
Para determinarmos os instantes de tempo em que a partícula se move para a direita, temos que determinar os instantes de tempo nos quais a velocidade é positiva. Ou seja , queremos resolver:]
(5)
De modo análogo, para determinarmos os instantes de tempo em que a partícula se move para a esquerda, temos que determinar os instantes de tempo nos quais a velocidade é positiva. Ou seja , queremos resolver:
(6)
Para determinarmos os instantes em que a velocidade é zero temos que resolver e logo .
Taxas de Variação
Podemos generalizar o conceito de velocidade. Seja uma grandeza que pode ser expressa como função da variável então:
Definição 3.
A variação média de uma grandeza com respeito a variável no intervalo é definida como:
(7)
E de modo análogo se tomarmos o limite podemos definir a variação instantânea.
Definição 4.
A variação instantânea de uma grandeza com respeito a variável no ponto é definida como:
(8)
Exemplos de aplicações:
Encontrar a velocidade (taxa de alteração da posição em relação ao tempo) de um carro desportivo movendo-se ao longo de uma estrada reta.
Encontrar a taxa de crescimento de uma população de bactérias em função do tempo.
Encontrar a taxa de variação do índice de preços ao consumidor em relação ao tempo.
Encontrar a taxa de variação de lucro de uma empresa com respeito ao seu nível de venda.
Derivadas
Definição de Derivada
Definição [de Derivada].
Seja uma função definida num intervalo aberto contendo o ponto . Definimos a derivada de em , denotada como , como:
(9)
se o limite existir.
Exemplo 2. Calcule a derivada de em .
Resolucao
Queremos calcular . Para tanto usaremos a definição de derivada:
(10)
Como
(11)
temos que
(12)
Multiplicando o numerador e o denominador pelo conjugado temos:
Exemplo 3.
Calcule a derivada de no ponto .
Resolução
A derivada se existir será dada por:
Logo a derivada existe e é .
Função Derivada
Quando existir dizemos que a função é diferenciável no ponto . Se uma função é diferenciável em todos os pontos de seu domínio dizemos simplesmente que é diferenciável.
Se considerarmos o conjunto
podemos definir a função que associa a cada o número . A função é denominada de função derivada de ou simplesmente de derivada de .
Exemplo 4.
O Exemplo 3 mostra que é diferenciável em todos os reais.
Assim podemos definir a função derivada de e nesse caso a função derivada é constante e igual a , i.e, .
Exemplo 5.
Calcule a derivada de .
Qual o domínio de ?
Resolução
Pela definição
(13)
Como
Temos que:
(14)
Simplificando temos:
(15)
Como a função é sempre diferenciável o domínio de é .
Exemplo 6.
Seja . Calcule a derivada de . Qual o domínio de ?
Resolução
Pela definição
(16)
Como
Temos que:
Logo, o domínio de é o conjunto dos reais positivos.
Definição Equivalente de Derivada
Seja uma função e seja Fazendo a substituição no limite e observando que com essa substituição temos que e .
temos que
(17)
De posse dessa informação podemos dar uma nova definição de derivada, equivalente a anterior:
Definição 6.
Seja uma função definida num intervalo aberto contendo o ponto . Definimos a derivada de em , denotada como , como:
(18)
se o limite existir.
O limite
pode ser escrito de maneira abreviada usando a notação de variação como:
(19)
Isso motiva a notação de Leibniz:
Notação de Leibniz
Notação. [Notação de Leibniz]
A derivada de em é denotada, também, da seguinte maneira
(20)
Já a função derivada é denotada também do seguinte modo:
(21)
A notação de Leibniz tem a vantagem de deixar claro que a derivada é o limite do quociente das variações
(22)
Exemplo 7.
Calcule a derivada de no ponto .
Resolução
Usaremos a fatoração:
(23)
com e . Logo
Derivadas Laterais
Como a derivada de uma função em um ponto é definida como um limite, podemos calcular os limites laterais, à esquerda e à direita de :
Definição [Derivadas Laterais].
A derivada pela direita é definida como
(24)
e a derivada pela esquerda é definida como
(25)
Claramente a derivada de uma função em um ponto existe se e somente se os limites laterais e existem e
Exemplo 8.
Mostre que a função não é diferenciável no .
Resolução
Vamos calcular as derivadas laterais e ver que são diferentes:
Calculando a derivada pela direita
(26)
(27)
Calculando a derivada pela esquerda
(28)
(29)
Como as derivadas laterais são diferentes a derivada não existe.
O exemplo anterior mostra que a continuidade de uma função em um ponto não garante a existência da derivada da função neste mesmo ponto, mas a recíproca é verdadeira, isto é, a existência da derivada de em um ponto, implica na continuidade de neste ponto.
Teorema 1.
Se é diferenciável no ponto então é continua em . Equivalentemente, se não é continua em então não é diferenciável em .
Demonstração.
Como é diferenciável em temos que
(30)
Então
(31)
Assim, , logo é contínua em .
Derivadas das Funções Clássicas
Teorema [Fórmulas de Derivação].
São válidas as seguintes fórmulas de derivação
a) Se
b) Se ,
c) Se
d) Se
e) Se
f) Se
g) Se
Começaremos demonstrando o item a. Nesse caso
(32)
Faremos duas demonstrações do item b. A primeira demonstração se baseia na seguinte fatoração:
(33)
Desse modo, temos:
A segunda demonstração se baseia na expansão dada pelo Binômio de Newton
Demonstração do item c. Fazendo a substituição e temos que quando Assim
(34)
Usando o limite calculado no item anterior, temos finalmente que
(35)
Demonstração do item d.
O primeiro limite pode ser calculado fazendo a substituição e assim quando temos que
No limite acima usamos o Primeiro Limite Fundamental
(36)
Na dedução da derivada do usamos também a identidade Soma Produto
Como essa identidade será utilizada posteriormente demonstraremos ela no Apêndice A
Demonstração do item e.
A demonstração da derivada do cosseno pode ser feita de maneira análoga ao item anterior usando a identidade Soma Produto. Uma segunda forma de demonstrar ambos os limites trigonométricos é a seguinte, usando apenas a fórmula do cosseno da adição
Usando a fórmula da adição para o cosseno
temos
E assim
Demonstração do item f.
(37)
No cálculo do limite acima usamos o Terceiro Limite Fundamental:
(38)
Demonstração do item g.
(39)
Fazendo temos que para assim
(40)
na última igualdade usamos o Segundo Limite Fundamental,
Regras de Derivação
Derivada da Soma
Teorema [Derivada da Soma e Subtração]. Se e são funções diferenciáveis em então a função é diferenciável em e
(41)
Demonstração
Faremos a demonstração do caso da soma. O caso da subtração é similar.
Seja , e suponha que e são ambas diferenciáveis em . Queremos provar que é diferenciável em e que sua derivada é dada por .
(42)
(43)
(44)
(45)
(46)
Exemplo 9.
Calcule a derivada de
Resolução
Exemplo 10.
Calcule a equação reta tangente a no ponto .
Resolução
Começaremos calculando o coeficiente angular . Para calcularmos a derivada utilizaremos a propriedade da Derivada da Soma:
(47)
Calculando em :
(48)
e logo
A reta tangente passa pelo ponto e tem coeficiente angular , logo sua equação é:
(49)
Derivada do Produto por uma Constante
Teorema [Derivada do Produto por uma Constante]. Se é uma função diferenciável em e então
a função é diferenciável em e
(50)
Demonstração.
Seja . Queremos provar que é diferenciável em e que sua derivada é dada por .
(51)
(52)
(53)
(54)
(55)
(56)
(57)
Exemplo 11.
Calcule a derivada de
Resolução.
Derivada do Produto
Teorema [Derivada do Produto]. Se e são funções diferenciáveis em então
a função é diferenciável em e
(58)
Seja , e suponha que e são ambas diferenciáveis em . Queremos provar que é diferenciável em e que a derivada é dada por .
(59)
(60)
(61)
(62)
(63)
(64)
Exemplo 12. Derive
Resolução.
Utilizando a fórmula da derivada do produto temos:
Exemplo 13.
Calcule a derivada de
Resolução.
Utilizando a fórmula da derivada do produto temos:
Derivada do Quociente
Teorema [Derivada do Quociente]. Se e são funções diferenciáveis em com , então a função é diferenciável em com
(65)
Demonstração
Considere a função . Como e é contínua, existe tal que . Ou seja , a função está definida numa vizinhança de .
Pela definição de derivada temos:
(66)
(67)
(68)
(69)
O Limite 1 pode ser calculado pela continuidade de em
(70)
Os Limites 2 e 3 são as definições das derivadas de e em , ou seja :
(71)
Logo:
Exemplo 14. Calcule a derivada de .
Resolução.
Então, se temos que
(72)
Temos que, para todo ,
(73)
Exemplo 15.
Calcule a derivada de
Resolução.
Exemplo 16.
Calcule a derivada de
Resolução.
Como , usando a regra do quociente temos:
(74)
(75)
(76)
Exemplo 17.
Encontre todos os pontos no gráfico de , onde a reta tangente é horizontal.
Resolução
A inclinação de uma reta tangente ao gráfico de é dada pela derivada
(77)
Como as retas que são paralelas ao eixo dos tem inclinação angular , nós agora encontraremos todos os valores de x para os quais . Para isso resolveremos a equação
(78)
E assim
(79)
Os valores acima são as coordenadas dos pontos em que as linhas tangentes são paralelos ao eixo . Encontraremos as coordenadas destes pontos usando que . Assim, para e para
Logo os pontos em que as linhas tangentes são paralelas ao eixo x, são: e .
A Regra da Cadeia
A Regra da Cadeia nos fornece uma fórmula para determinar a derivada de
uma função composta em termos das derivadas de e
Teorema [Regra da Cadeia]. Sejam e funções diferenciáveis com .
Então é diferenciável e sua derivada é dada por
(80)
Demonstração.
Faremos a demonstração apenas no caso no qual num intervalo aberto contendo .
Considere então,
(81)
(82)
(83)
Notação.
Nas condições do Teorema [Regra da Cadeia]
fazendo as substituições:
Observação.
Um modo de recordar a Regra da Cadeia é utilizando a notação de Leibniz.
(86)
Exemplo 18. Calcule a derivada de
Resolução.
Fazendo e então Pela Regra da Cadeia,
(87)
Observação.
Observe que ao aplicar a Regra da Cadeia
diferenciamos primeiro a função de fora e avaliamos na função de
dentro e então multiplicamos pela derivada da função de
dentro.
(88)
Exemplo 19. Calcule a derivada de
Resolução.
Fazendo e então Pela Regra da
Cadeia,
(89)
Exemplo 20. Calcule a derivada de .
Resolução.
Faça e . Então . Como e
temos que
(90)
para todo .
Regra da Potência
Utilizando a regra da Cadeia podemos generalizar a regra de derivação de potências inteiras , com , para potências reais , com .
Teorema [Regra da Potência]. Seja um número real e então
(91)
Demonstração. Começamos notando que
e pela Regra da Cadeia
(92)
Logo
(93)
Exemplo 21.
Calcule a derivada de .
Resolução.
Usando a Regra da Cadeia e da Potência temos:
Derivada da Função Inversa
Se é uma função continua e injetiva no intervalo pode-se mostrar que tem inversa e que esta é continua. O seguinte teorema nos diz quando a função inversa é
diferenciável.
Teorema [Teorema da Função Inversa].
Seja uma função injetiva e diferenciável no intervalo , com derivada . Então é
diferenciável em , e
(94)
Observação.
Um modo de recordar a fórmula anterior é utilizando a notação de Leibniz. Para isso escreva e assim .
(95)
Exemplo 22. Mostre que se
então
onde se for par e
se for ímpar .
Resolução.
Observamos inicialmente que é a função inversa de Assim
(96)
Derivação Implícita
Em geral, as funções são dadas na forma Entretanto,
algumas funções são definidas implicitamente por uma equação nas variáveis e :
(97)
Dizemos que uma função é definida implicitamente por tal equação se o ponto for solução da equação (97) para todo .
Exemplo 23. Determine uma função definida implicitamente pela equação .
Resolução.
Podemos usar Bhaskara para resolver em e assim
(98)
Exemplo 24. Uma elipse é caracterizada pela equação
(99)
Determine uma função definida implicitamente pela equação da elipse.
Resolução.
Quando uma função nos é fornecida implicitamente, para calcular a derivada de em relação a utilizamos a derivação implícita, que consiste em supor que pode ser escrito como uma função de , , e diferenciar ambos os lados da equação, aplicar as regras de diferenciação e finalmente resolver a equação resultante de modo a isolar a derivada da função definida de forma implícita.
Exemplo 25.
Mostre que .
Resolução.
Seja logo . Derivando implicitamente temos que e logo
.
Exemplo 26. Se encontre
Resolução.
Derivando ambos os lados da equação em relação a obtemos Resolvendo em
(100)
Exemplo 27.
Calcule a derivada de .
Resolução.
Derivando implicitamente:
Exemplo 28.
Calcule a derivada de
Resolução.
Derivando implicitamente temos:
Exemplo 29.
Considere a função definida implicitamente por
(101)
Encontre a equação da reta tangente à curva no ponto .
Resolução
Diferenciando ambos lados da equação acima com relação a temos que
(102)
Portanto,
(103)
Resolvendo, temos que
(104)
Sabemos que . Logo, a derivada de com relação a em é dada por
Logo, a equação da reta tangente à curva no ponto é dada por:
(105)
Derivadas das Funções Exponencial e Logaritmo
Teorema 10. Dado um número real positivo então
(106)
Demonstração.
Aplicando logaritmo natural a ambos os lados da equação temos:
(107)
o que implica em:
(108)
Aplicando a função exponencial a ambos os lados da equação da equação anterior temos:
Assim e podemos derivar essa função usando a regra da cadeia:
(109)
Teorema 11.
Dados um número positivo real diferente de e um número real positivo, então:
(110)
Demonstração.
Pela propriedade de mudança de base do logaritmo temos:
E derivando temos:
(111)
Exemplo 30.
Calcule a derivada de .
Resolução.
Usando a regra da Cadeia temos:
Derivada de
Para derivarmos funções da forma podemos utilizar o próximo teorema, ou usar a estratégia apresentada em sua demonstração: aplicar logaritmo a ambos os lados da identidade , simplificar e posteriormente aplicar a função exponencial.
Teorema 12.
Sejam e diferenciáveis. Então a derivada de
(112)
é dada por
(113)
Demonstração.
Começamos aplicando logaritmo de ambos os lados de , temos:
(114)
Exponenciando ambos os lados da equação temos:
(115)
Derivando, temos
(116)
Como
(117)
Exemplo 31.
Calcule a derivada de
Aplicando logaritmo natural a ambos os lados da equação temos:
(118)
o que implica em:
(119)
Aplicando a função exponencial a ambos os lados da equação da equação anterior temos:
Ou seja ,
(120)
Derivando temos
Exemplo 32.
Calcule a derivada de
Aplicando logaritmo natural a ambos os lados da equação temos:
(121)
o que implica em:
(122)
Aplicando a função exponencial a ambos os lados da equação da equação anterior temos:
Ou seja ,
(123)
Derivando temos
Derivação das Funções Trigonométricas Inversas
As funções
seno, cosseno e tangente não são bijetivas em seus domínios.
Assim para definirmos suas inversas fizemos restrições no domínio e contradomínio de modo a obtermos funções restritas bijetivas e podermos definirmos inversas.
Teorema 13. Seja
então
(124)
Demonstração
A função é injetiva no intervalo
com imagem o
intervalo Portanto, existe a função inversa
para dada por
(125)
Apresentaremos duas formas de derivar a função , aplicando a
Proposição [Teorema da Função Inversa] e utilizando derivação implícita.
A função é injetiva no intervalo
com imagem o
intervalo Portanto, existe a função inversa
para dada por
(132)
}
Se então:
(133)
Usando derivação implícita temos
(134)
(135)
Substituindo temos:
(136)
Finalmente substituindo temos:
(137)
(138)
Teorema 15. Seja
então
(139)
A função é injetiva no intervalo
com imagem Portanto, existe a função inversa
para dada por
(140)
Se então .
Derivando implicitamente temos:
(141)
O lado esquerdo fica:
(142)
Enquanto que o lado direito:
(143)
Assim
(144)
Substituindo temos
(145)
(146)
De modo análogo podemos calcular as derivadas das outras funções trigonométricas inversas.
Teorema [Derivadas das Funções Trigonométricas Inversas].
Taxas Relacionadas
Quando duas quantidades são relacionadas por uma equação, conhecendo o valor de uma quantidade podemos determinar o valor da outra.
O tema da taxas relacionadas leva isso um passo além: conhecendo a taxa na qual uma quantidade está mudando pode determinar a taxa na qual as outras mudanças estão ocorrendo
Para ver isso suponha que representa uma quantidade que dependa de outras
duas quantidades e ou seja e A
relação entre e pode ser expressa por uma função Assim, Utilizando a Regra da
Cadeia temos que
(147)
Portanto, a taxa de variação de com relação a é o produto
entre a taxa de variação de com relação a e da taxa de
variação de com relação a
Exemplo 33.
Seja a área de um quadrado de lado ; Qual a relação entre
as variações dos lados com a variação da
área
Resolução.
Devemos considerar um quadrado de lado , cufo lado varia com o
tempo e consequentemente a área também é função do tempo Como derivando em relação a e usando a regra da cadeia temos
(148)
e, desta forma obtivemos uma relação entre a taxa de variação da área com a taxa de variação dos lados.
Exemplo 34. Suponha que está sendo bombeado ar para dentro de
um balão esférico, e seu volume cresce a uma taxa de
Quão rápido o raio do balão está crescendo quando o raio é ?
Resolução.
Seja o raio e o volume do balão no instante
Sabemos que a taxa de crescimento do volume é e queremos determinar a taxa de crescimento do raio, quando Pela Regra da Cadeia,
(149)
Lembrando que logo
(150)
Concluímos
que para
Exemplo 35. Um tanque de água tem a forma de um cone circular
invertido com base de raio 2m e altura igual a 4m. Se a água está
sendo bombeada dentro do tanque a uma taxa de 2 encontre a
taxa na qual o nível da água está elevando quando a água está a 3m
de profundidade.
Resolução.
Sejam e o volume da água, o raio da superfície
e a altura no instante Sabemos que
queremos achar quando Temos que e
estão relacionadas pela equação:
Por semelhança de triângulos logo Substituindo na expressão para obtemos Agora,
derivando com relação a
(151)
Substituindo
temos
Exemplo 36.
Um balanço consiste de uma placa na extremidade de uma corda de 10 metros de comprimento. Deixe o ponto representar o balanço no final da corda, e o ponto de
fixação na outra extremidade. Suponha que o balanço está diretamente abaixo de
quando , e está sendo puxado por alguém que anda a 6m / s da esquerda para a direita. Encontre:
o quão rápido o balanço está subindo após 1s;
a velocidade angular da corda em graus/s após 1s.
Resolução
Começamos perguntando: qual é a
quantidade geométrica cuja taxa de variação conhecemos, e qual é a quantidade geométrica cuja taxa de mudança que estamos querendo determinar? Note que a pessoa que empurra o balanço está se movendo horizontalmente a uma taxa que conhecemos. Em outras palavras, sabemos que a coordenada horizontal de está aumentando em 6 m/s.
Vamos começar fixando a origem em no tempo , ou seja , uma distância de 10 diretamente abaixo do ponto
de fixação. A taxa que conhecemos é , e na parte
(a) a taxa que queremos é (a taxa na qual o ponto está subindo). E na parte
(b) a taxa que nós queremos é , onde significa
o ângulo em radianos medido em relação à vertical.
(Na verdade, uma vez que queremos que a nossa resposta em graus/s, no final temos de converter
de rad /s multiplicando por .)
(a) A partir do diagrama vemos que temos um triângulo retângulo cujos lados
são e , e cuja hipotenusa é 10. Portanto,
. Tomando a derivada de ambos os lados obtemos:
. Vamos agora olhar para o que conhecemos depois de 1 de
segundo, ou seja , (porque começou em 0 e aumentou a
a taxa de 6 m/s durante 1 segundo), (porque nós temos do teorema de Pitágoras aplicada ao triângulo com hipotenusa 10 e lado 6), e .
Colocando esses valores temos
, a partir do qual podemos facilmente resolver
obtendo : m/s.
(b) Aqui nossas duas variáveis são de e , assim que nós queremos usar o
mesmo triângulo retângulo como na parte (a), mas desta vez vamos relacionar com
. Uma vez que a hipotenusa é constante (igual a 10), a melhor maneira de
fazer isso é utilizando a função seno: . Derivando, obtemos . No instante em
questão ( s), quando temos um triângulo retângulo com lados
6–8–10, e . Assim
, ou seja , rad / s, ou
aproximadamente graus/s.
Exemplo 37.
A energia cinética de um corpo é dado por .
Se o objeto está em queda livre e acelerando a , quão rápido a energia cinética está aumentando quando a velocidade for de ?
Exemplo 38.
Um gás está numa câmara com uma parede flexível (de modo que a câmara pode expandir ou contrair). De acordo com os químicos, se mantivermos o gás a uma temperatura constante, enquanto aumentando ou diminuindo o tamanho da câmara, a pressão P e volume V satisfazem a relação PV = constante. (Estamos utilizando a lei do gás ideal , em que n e T não se alteram.) Um aspecto desta equação que é óbvio é que, quando o volume cresce/decresce quando a pressão decresce/cresce.
Pergunta se diminuirmos o volume a um ritmo constante, qual será a taxa de aumento da pressão?
Derivadas das Funções Hiperbólicas
Definição 8.
As funções cosseno hiperbólico e seno hiperbólico, são definidas, respectivamente, por:
(152)
e
(153)
É fácil verificar a partir da definição acima que a função é ímpar enquanto que a função é par:
As funções tangente, cotangente, secante e cossecante hiperbólicos, são respectivamente definidas por:
(154)
(155)
(156)
(157)
Teorema 17.
(158)
Demonstração.
Teorema 18.
(159)
Demonstração.
Usando as regras de derivação podemos calcular as outras derivadas hiperbólicas.
Teorema 19.
(160)
Teorema [Derivadas das Funções Hiperbólicas].
Exemplo 39.
Calcule a derivada de .
Resolução.
Usando a Regra da Cadeia, temos:
(161)
Teorema [Derivadas das Funções Hiperbólicas Inversas].
Demonstração
a)
A função
(162)
Derivando implicitamente
Acima usamos que para todo temos que . E assim .
d)
(163)
Derivadas de Ordem Superior
Seja uma função diferenciável em . A função
ou simplesmente é dita {\bf derivada} de
ou derivada primeira de .
De modo análogo, podemos
definir a derivada de que será chamada derivada segunda
de . Neste caso,
(164)
e escrevemos , quando o limite existir. Também
podemos escrever
(165)
A derivada terceira de é a derivada da derivada segunda
da , escreveremos
(166)
Para , a derivada n-ésima de será denotada
por quando esta existir.
Alternativamente, podemos escrever
para denotar a derivada
segunda, , de . Analogamente, usamos
para denotar a derivada de terceira, , de
, e assim por diante.
Exemplo 40. Calcule as primeiras derivadas de
Resolução.
Como ,
(167)
(168)
(169)
(170)
Exemplo 41. Se . Logo,
(171)
Exemplo 42.
Calcule
Resolução.
Começaremos calculando as primeiras derivadas:
Ou seja , a derivada de ordem 4 de é .
Exemplo 43.
Mostre que se então
Exemplo 44. A posição de uma partícula é dada pela equação Encontre a velocidade e a aceleração no instante .
Resolução.
A velocidade é dada por:
(172)
e a aceleração
(173)
No instante temos:
(174)
(175)
Aproximações Lineares e Diferencial
As vezes precisamos de uma estimativa rápida e simples da variação em provocada por uma variação em .
Isto é gostaríamos de calcular o incremento
(176)
provocado pelo incremento na variável .
Para esse fim utilizaremos o fato geométrico que uma curva se aproxima de sua reta tangente na
vizinhança do ponto de tangência. Assim, para aproximar uma função
quando está próximo de usamos a reta
tangente ao gráfico de no ponto cuja equação é
(177)
e assim temos a aproximação
(178)
denominada aproximação linear de em A função linear
é chamada de linearização de em
Exemplo 45. Aproxime e
utilizando a aproximação linear da função
Resolução.
Começaremos determinando a equação da reta tangente em como , a equação da reta tangente é dada por
(179)
Agora,
(180)
Utilizando uma calculadora temos que e
A notação de incremento pode ser usada na definição da derivada de uma função.
(181)
Desse modo, temos que
(182)
Podemos rescrever a expressão anterior como:
(183)
Definição 9. Seja uma função
diferenciável e deixe ser o incremento de x.
A diferencial da variável independente é definida como
A diferencial da da variável independente é definida como
(184)
Para interpretar geometricamente a diferencial, considere a
Figura 1.
Seja a variação em e a variação em Sabemos que é o
coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de no ponto
Portanto representa a variação da reta tangente, enquanto representa a variação da função quando varia por uma
quantidade
Quando for suficientemente
pequeno, irá se aproximar de no
seguinte sentido
Este fato implica que o erro cometido ao aproximarmos por
é pequeno quando comparado a . Portanto
(185)
para suficientemente pequeno.
Finalmente a aproximação linear pode ser escrita na notação de diferenciais
como
(186)
Exemplo 46.
Uma tigela tem o formato de uma semiesfera de raio cm e é preenchida com água até a altura de cm. O volume de água na esfera é dado por
(187)
Suponha que você meça a altura da água como cm com um erro máximo de cm. Estime o erro máximo no volume calculado de água na tigela.
Resolução.
Deixe denotar a altura real da água.
Queremos calcular a diferença entre o volume real
Não conhecemos o valor real de mas conhecemos
que satisfaz .
Também conhecemos que . Logo usando aproximação linear temos que:
(188)
temos
e assim
(189)
Assim o volume calculado com é , com erro de .
Exemplo 47. O raio de uma esfera tem 21 cm, com um erro de
medida possível de no máximo 0,05 cm. Qual é o erro máximo cometido
ao usar esse valor de raio para computar o volume da esfera?
Se o raio da esfera for então seu volume é Denotamos o erro na medida do raio por O erro correspondente no cálculo do volume é
que pode ser aproximado pela diferencial
Quando e , temos Logo o erro máximo no volume calculado será de
aproximadamente
Exemplo 48.
a) Utilizando aproximação linear encontre uma fórmula aproximada para o volume de uma casca cilíndrica de altura , raio interno e grossura .
b) Qual o erro envolvido ao usar essa fórmula?
Resolução
a) Queremos determinar o volume contido entre o cilindro de raio e o cilindro externo de raio . O volume do cilindro interno é dado por
(190)
Se aumentarmos o raio por um incremento de , então o volume da casca é dado por .
Usando aproximação linear:
(191)
e logo
(192)
b) O volume exato da casca cilíndrica é dado por:
(193)
que simplificando fica
(194)
Fazendo a diferença entre as duas fórmulas do volume temos que o erro é dado por:
(195)
E logo temos que o erro é pequeno se for suficientemente pequeno.
Apêncice: Identidades
Identidade da Soma e Produto
Teorema 22.
Subtraindo as equações anteriores temos
Fazendo e
e
Substituindo e
Assim
Referências
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