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Versão: 2016-12-04
Integração
“Nature laughs at the difficulties of integration.” — Pierre-Simon Laplace
Antiderivadas e Integral Indefinida
Uma parte significativa dos capítulos anteriores foi dedicado ao problema de encontrar a derivada de uma função .
Neste seção abordamos o problema inverso: dada uma função achar uma função
que satisfaça
(1)
A equação (1) é um exemplo de equação diferencial.
Simplificadamente uma equação diferencial é uma equação envolvendo , , e as derivadas de .
Um exemplo de uma equação diferencial simples a forma da equação (1) é: .
A equação anterior possui ao menos uma solução: .
Claramente podemos encontrar outra solução: , onde é uma constante,também é solução.
Definição 1. Uma função definida num intervalo é denominada uma primitiva ou antiderivada de se
(2)
para todo .
O conjunto de todas as primitivas de é denominado integral indefinida de , e será denotado por
Se for uma primitiva de , então por definição a função é derivável e logo contínua.
Conhecendo uma antiderivada de podemos encontrar outras simplesmente adicionando uma constante.
O próximo teorema nos diz que no caso em que a função é diferenciável essa é o modo de obter todas as antiderivadas.
Teorema 1.
Sejam e funções continuas no intervalo fechado e diferenciáveis no intervalo aberto tal que para todo . Então,
existe tal que
(3)
para todo .
Demonstração.
Considere a função . Então para todo em . E logo é constante.
Ou seja, existe tal que e assim
(4)
Usando a Definição 1, podemos dizer que se é contínua no intervalo fechado e diferenciável no intervalo aberto então
(5)
Exemplo 1.
(6)
Regras Básicas de Integração
Como o processo de integração e derivação são, em certo sentido, operações inversas, podemos descobrir diversas integrais indefinidas, conjecturando uma antiderivada de e, em seguida, verificando que é realmente uma antiderivada de , isto é, demonstrando que .
Proposição.
(7)
Demonstração
Levando em consideração que a regra de derivação de potências consiste em:
Diminuir a potência de por 1 obtendo .
Multiplicar pela potência inicial obtendo .
Revertendo o processo passo a passo temos que:
Aumentar a potência de por 1 obtendo .
Dividir pela potência final obtendo .
Esse argumento sugere que
(8)
De fato, verificando
Proposição. [Tabela de Integrais Indefinidas]
.
.
.
.
.
Proposição. [Tabela de Integrais Indefinidas]
.
.
.
.
.
Das propriedades da derivada, temos a seguintes propriedades da integral indefinida.
Teorema 2. A integral indefinida é linear, isto é:
Exercício.Calcule a antiderivada de .
Resolução.
Utilizando a linearidade da integral indefinida
Teorema 3.
Se , então
(9)
Essa Proposição pode ser facilmente verificada calculando a derivada da expressão do lado direito na equação acima.
Assuma que seja uma antiderivada de e que seja uma função diferenciável.
Logo, é uma antiderivada de já que
Desta forma, se denotarmos , então
Escrevendo e observando que temos que
(12)
A fórmula acima é conhecida como método de Substituição.
Teorema [Método de Substituição] . Se é uma função cuja antiderivada é e for uma função diferenciável, então
(13)
onde
Exercício. [Integração por Substituição]
Calcule .
Resolucão
Sabendo que a técnica de substituição está intrinsecamente relacionada com a regra da cadeia, escolhemos como a “função”de dentro de . (Ressaltamos que esta não é sempre uma boa escolha, mas em geral é a melhor primeira tentativa .)
Fazendo , temos . O integrando possui um termo mas não um termo da forma . Logo dividimos ambos os lados da expressão por 2:
Agora substituímos
Logo . Podemos verificar a resolução, calculando a derivada do lado direito.
Integração por Substituição
[Passo 1] Escolha , geralmente, a “função de dentro” da função do composta .
[Passo 2] Calcule .
[Passo 3] Use a substituição e para transformar o integral em um que envolve apenas u: .
[Passo 4]
Calcule a integral resultante.
[Passo 5]Substitua por , de modo que a expressar a solução final só em termos de x.
Exercício. [Integração por Substituição]
Calcule .
Nesse caso, após reconhecer a função composta, escolhemos . E dessa forma ,
fornecendo uma substituição simples. Obtemos então:
Não podemos calcular uma integral que envolva simultaneamente as variáveis e um .
Precisamos converter o de uma expressão envolvendo apenas .
Como , temos . Trocando in por . e reescrevendo como .
Exercício. [Integração por Substituição]
Calcule
Resolução.
Após reconhecer a composição, escolhemos . Logo, . Pelo método de substituição, concluímos que
(14)
Exercício. [Integração por Substituição]
Calcule
Resolução.
Fazendo a substituição , temos:
(15)
(16)
Exercício. [Integração por Substituição]
Calcule .
Resolução.
Fazendo a substituição temos e
Então,
Exercício. [Integração por Substituição]
Calcule
Resolução.
Fazendo a substituição , e assim temos que
Exercício. [Integração por Substituição]
Calcule
Resolução.
Observe que . Utilize a substituição . Logo, e temos que
Integrais Trigonométricas
Nessa seção utilizaremos a técnica de integração por substituição para calcularmos
integrais envolvendo funções trigonométricas. Essa estratégia será detalhada e generalizada em seções posteriores.
Exercício.Calcule
Resolução.
Observe que
. Utilize a substituição . Logo, e temos que
Exercício.Calcule
Resolução.
Como ,
tome , .
Assim
Exercício.Calcule
Resolução.
Para calcularmos essa integral utilizaremos um truque.
Multiplicando em cima e embaixo por temos:
(17)
Fazendo a substituição e
.
Temos
(18)
Proposição. [Integrais das funções Trigonométricas]
Proposição. [Integrais Envolvendo as FunçõesTrigonométricas Inversas]
Integração por Partes
A partir da Regra do Produto para derivação obtemos uma técnica de integração denominada de integração por partes.
Sejam funções diferenciáveis em . Então,
para cada , temos que
(19)
ou equivalentemente
(20)
Como é uma antiderivadade , se existir uma
antiderivada de , então também existirá uma antiderivada de
e valerá a fórmula de integração por partes:
(21)
Teorema 5.
Sejam diferenciáveis em .Se existir uma
antiderivada de , então também existirá uma antiderivada de
e valerá a fórmula de integração por partes:
A chave para a integração por partes é identificar parte do integrando como “ ‘’ e parte como ” . "
A prática facilitará boas identificações. A seguir vamos apresentar alguns princípios que ajudam nessa escolha.
Nesse exemplo escolheremos pois a sua derivada é uma constante (e assim esperamos que a integral no lado direito seja mais simples) e consequentemente escolhemos .
Em geral, é útil para fazer uma pequena tabela de valores como feito abaixo. Inicialmente só conhecemos e como mostrado no lado esquerdo.
Na direita, preenchemos com os valores restantes que precisamos. Se , então . Como , é uma antiderivada de .
Logo podemos escolher
Fazendo as substituições na integral por partes temos
Integrando temos e assim
O exemplo anterior demonstra como a integração por partes funciona de modo geral. Tentamos identificar e na integral dada, e o ponto crucial é que, geralmente, queremos escolher e para que seja mais simples do que e esperamos que não seja muito mais complicado do que . Isto significa que a integral no lado direito da Integração pela fórmula Partes, será mais simples que o integrando original .
No exemplo anterior nós escolhemos e . Então era mais simples do que e não é mais complicado do que .
Portanto, em vez de integrar , poderíamos integrar
, o que sabemos fazer.
Exercício. [Integração por Partes]
Calcule .
Resolução.
Fazemos e .Logo e
Logo utilizando integração por partestemos
Exercício. [Integração por Partes]
Calcule .
Faremos e logo .Assim e como mostrado abaixo.
A fórmula de integração por partes fornece então:
Neste ponto, podemos constatar que a integral à direita é realmente mais simples do que a integral com a qual começamos, mas para calculá-la, precisaremos fazer novamente uma integração por partes. Agora escolhemos e
E logo
Exercício. [Integração por Partes]
Calcule .
Essa é uma integral clássica.Faremos e . Então e :
Observe que não é mais simples que , o que vai contra o nosso princípio geral (mas confie). A integração por partes resulta em
A integral à direita não é muito diferente da inicial, então parece que chegamos a lugar nenhum. Mas vamos continuar e aplicar a integração por partes para o novo integrante, usando e . Assim:
Logo
Parece que estamos de volta exatamente a onde começamos, pois o lado direito contém . Mas este fato é positivo.
Adicionando a ambos os lados, temos:
Finalmente, simplificando temos
Exercício. [Integração por Partes]
Calcule .
Até esse ponto, já obtivemos as integrais das funções trigonométricas familiares e da função exponencial , mas ainda não determinamos a integral de . Isso porque a função não podia ser facilmente integrada com nenhuma das regras apresentadas até este ponto.
Mas podemos encontrar sua antiderivada por uma aplicação inteligente de integração por partes.
Faça e . Este é um bom e sorrateiro truque, que pode ser útil em outras situações. Assim e , como apresentamos abaixo.
Logo, por integração por partes
Que pode ser simplificado à:
Exercício. [Integração por Partes]
Calcule .
Resolução.
Utilizaremos o mesmo truque da integral anterior. Fazendo e . Então e . Por Integração por Partes, temos:
A última integral pode ser feita por substituição. Fazendo , temos .Assim
Logo
Notação de Somatório
Suponha que desejamos somar uma lista de números , , , . Em vez de escrever
usamos notação de somatório e escrevemos
O sigma maiúsculo representa o termo “soma”
O índice do somatório neste exemplo é . Qualquer símbolo pode ser usado.
Por convenção, o índice assume apenas os valores inteiros entre (e incluindo) os limites inferiores e superiores.
Vejamos um exemplo
Observe que na soma acima o termo típico a ser somado é da forma e estamos somando esses termos de até .
Utilizando a notação de somatório:
A expressão anterior deve ser lida como "soma de com variando de até .
E de modo mais geral a soma dos números reais
pode ser escrita usando a notação de somatório como
Claramente, não é necessário que a soma comece do . Assim por exemplo, podemos escrever:
Teorema [Propriedades do Somatório].
Teorema 7.
, sendo uma constante.
As demonstrações das propriedades acima devem ser feitas por indução.
Apresentaremos aqui argumentos do porque são verdadeiras.
A primeira propriedade é óbvia.
Uma heurística para a Segunda
Seja
Escrevendo de trás para frente
Somando as duas equações termo a termo, cada termo será logo
Finalmente dividindo por 2 temos
A terceira:
Para a última. Observe que:
Exercício.Calcule
Resolução.
Teorema 8.
Áreas e Somas de Riemann
Considere o problema de determinar a área da região delimitada pelo gráfico de uma função , o eixo e as retas e .
Para isso utilizaremos uma das técnicas fundamentais do Cálculo, primeiro calcularemos uma aproximação e depois refinaremos a resposta e tomando limite teremos a resposta exata.
A área dessa região pode ser aproximada utilizando retângulos, como na figura 1. Aumentando o número de retângulos e diminuindo o tamanho de cada retângulo teremos uma aproximação melhor. E no "limite‘’ teremos a área da região.
Como primeiro exemplo considere a região abaixo do gráfico
de . Essa região é apresentada na Figura 2
Queremos determinar a área da região, ou seja, queremos determinar
Vamos começar com 4 retângulos de tamanho . Estesparticionam o intervalo em 4 subintervalos, , , e . Em cada subintervalo vamos desenhar um retângulo.
Três escolhas são usuais para a altura do retângulo: o extremo esquerdo, o extremo direito e o ponto médio.
Extremo esquerdo Nesse caso escolhemos como altura o valor da função no extremo esquerdo de cada subintervalo.
Extremo direito Nesse caso escolhemos como altura o valor da função no extremo direito de cada subintervalo.
Ponto Médio Nesse caso escolhemos como altura o valor da função no ponto médio de cada subintervalo.
Exemplo 3. Aproxime o valor de utilizando o extremo esquerdo, o extremo direito, e o ponto médio, utilizando 4 subintervalos de mesmo tamanho.
Dividiremos o intervalo em subintervalos. Na figura 4 vemos os 4 retângulos desenhados em usando o extremo esquerdo. (As áreas dos retângulos são dadas em cada figura.)
Observe que no primeiro subintervalo, , o retângulo tem altura .
Somando a área dos retângulos (altura bases) temos:
Somando a área dos retângulos (altura bases) temos:
A figura 6 mostra a aproximação de usando o ponto médio.
Temos a aproximação de como:
Observação
Dado uma partição de , o primeiro subintervalo é ; o segundo é ; 0 -ésimosubintervalo é .
Quando usamos o extremo esquerdo o ponto que utilizamos para definir a altura é , e a altura do -ésimo retângulo é .
Quando usamos o extremo direito o ponto que utilizamos para definir a altura é , e a altura do -ésimo retângulo é .
Quando usamos o ponto médio o ponto que utilizamos para definir a altura é , e a altura do -ésimo retângulo é .
Em todos os casos asoma das áreas dos retângulos
é dita Soma de Riemann de em .
Exercício.Calcule aproximando a área utilizando o extremo direito com subintervalos igualmente espaçados.
Sabemos que . Também sabemos que . O extremo direito é .
Assim a soma será
Encontramos uma fórmula para aproximar a integral definida utilizando subintervalos igualmente espaçados e extremo direito.
Usando 10 subintervalos, temos uma aproximação de .
Usando dá uma aproximação de .
Exercício.
Aproxime usando o extremo direito e subintervalos igualmente espaçados, então faça para encontrar a área exata.
Neste caso . Também temos que ;
A soma correspondente ao extremo direito é:
Mais uma vez, encontramos uma fórmula sucinta para aproximar a integral definida utilizando subintervalos igualmente espaçados e extremo direito. Usando 10 subintervalos, temos uma aproximação de . Usando dá uma aproximação de .
Podemos agora calcular o valor exato utilizando o limite
Integral Definida
Nesta seção formalizaremos as ideias apresentadas na seção anterior. Começaremos definindo uma partição. Nos exemplos da seção anterior utilizamos apenas partições em subintervalos de mesmo tamanho, mas nada impede que consideremos partições mais gerais.
Seja um intervalo limitado e fechado. Dizemos que
(25)
é uma partição ou divisão de . Neste caso,
escrevemos
Nos exemplos da seção anterior consideramos três escolhas de ponto para determinar a altura: o extremo direito, o extremo esquerdo e o ponto médio. Nada impede que consideremos escolhas mais gerais.
Deixe denotar o tamanho do -ésimo subintervalo e deixe denotar qualquer valor no -ésimo subintervalo. Os pontos são denominados marcase o conjunto das marcas será denotado por .
Seja uma função limitada definida no intervalo fechado , a soma
é dita Soma de Riemann de em .
Diremos que uma função é integrável, se existir um número tal que
(26)
onde
é uma partição de e
Escrevendo o limite acima com 's e 's temos
Definição 2. Uma função será dita integrável, se existir
tal que , \exists tal que
(27)
para toda partição
de com qualquer que seja a escolha das marcas. Neste caso, escrevemos
(28)
que é denominada integral definida ou simplesmente integral de em
relação à , no intervalo .
É importante observar que de acordo com a definição anterior, para que a integral exista o limite não deve depender da escolha da partição e das marcas.
Teorema [Funções Contínuas são Integráveis].
Seja uma função contínua no intervalo fechado então existe a integral de Riemann de .
A demonstração desse teorema será apresentada na próxima seção.
Vejamos alguns exemplos. Nesses exemplos, as funções consideradas, são contínuas, e logo integráveis e consequentemente o valor da integral não depende da escolha da partição e das marcas.
Exercício.
Mostre que .
Vamos começar subdividindo o intervalo em subintervalos de tamanho
(29)
Desta forma os pontos da partição são:
(30)
(31)
Agora escolheremos como o extremo direito do subintervalo, isto é, . E logo
Exercício.
Mostre que .
Vamos começar subdividindo o intervalo em subintervalos de tamanho
(32)
Desta forma os pontos da partição são:
(33)
(34)
Agora escolheremos como o extremo esquerdo do subintervalo, isto é, . E logo
Exercício.
Mostre que .
Vamos começar subdividindo o intervalo em subintervalos de tamanho
(35)
Desta forma os pontos da partição são:
(36)
(37)
Agora escolheremos como o extremo direito do subintervalo, isto é, . E logo
Exercício.
Mostre que .
Vamos começar subdividindo o intervalo em subintervalos de tamanho
(38)
Desta forma os pontos da partição são
Agora escolheremos como o extremo direito do subintervalo, isto é, . E logo
Funções Contínuas são Integráveis
As duas somas de Riemann que apresentamos abaixo são de particular interesse pois representam duas possibilidades extremas da soma de Riemann para uma dada partição.
Definição [Soma Superior e Inferior].
Definimos a soma superior e inferior
de uma função contínua com relação à partição , respectivamente, por
(39)
(40)
Para uma partição e um conjunto de marcas , como
(41)
(42)
Consequentemente
Definição [Integral de Darboux].
Considere uma função contínua .
Se
(43)
isto é, se a soma superior convergir para soma inferior quando o
tamanho de cada intervalo da partição vai para zero,
dizemos que a integral de Darboux existe.
Teorema 10.
A integral de Riemann existe se e somente se a integral de Darboux existe.
Dado uma partição e denotaremos por a soma de Riemann.
Como
(44)
(45)
Consequentemente
Do fato anterior, temos quese a integral de Darboux existe, então as somas de Darboux superior e inferior correspondente a uma partição suficientemente pequena estará próximo do valor da integral, de modo que qualquer soma de Riemann estará próximo do valor da integral.
Por outro lado para que a soma de Riemann exista, a soma deve existir para qualquer escolha de marcas e deve ser igual, em particular podemos escolher o como o máximo e o mínimo Ou seja
fazemos a escolha ,existem tais que:
(46)
(47)
E desta forma temos que a função é Darboux integrável
Teorema [Funções Contínuas são Integráveis].
Seja uma função contínua no intervalo fechado então existe a integral de Riemann de .
É suficiente demonstrar que dado , existe uma partição de tal que:
(48)
onde e denota denota a soma superior e a soma inferior de em em relação a partição .
Primeiramente observamos que uma função contínua no intervalo fechado é uniformemente contínua. Logo existe tal que se satisfazem , então:
(49)
Deixe ser umapartição de de tamanho menor que , isto é, tal que:
(50)
Então para ,existem tais que:
(51)
(52)
Por hipótese, , logo . Pela definição de temos que:
(53)
Consequentemente:
Propriedades da Integral
Antes de continuar faremos a seguinte convenção:
Definição 5. Dado e então definimos
Proposição.Sejam funções integráveis.
Então a integral é linear, isto é,
para todo , a função é
integrável e
A função é
integrável e
Proposição. Seja integrável.
A integral é positiva, isto é, se , para todo ,
então .
Proposição. A integral é aditiva, isto é, se existirem as integrais e com , então existirá a
integral e
(57)
Teorema [Teorema do Valor Médio para Integrais].
Seja uma função contínua no intervalo fechado .
Então existe no intervalo tal que :
Como é contínua ela é integrável em .
Pelo teorema de Weierstrass, existe tais que:
(58)
(59)
Logo
(60)
E assim:
(61)
Dividindo por temos:
(62)
Logo pelo teorema do Valor Intermediário, existe tal que :
(63)
(64)
O Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo
Consideremos qualquer função contínua com
Então a função
pode ser
interpretada como a área de de até onde pode
variar de até
Para calcular por definição, primeiro observamos que,
para é obtida subtraindo-se as áreas,
logo ela é a área sob o gráfico de de até
Para
pequeno essa área é aproximadamente igual à área do
retângulo com altura e largura
(65)
(66)
Assim esperamos que
(67)
Isso é verdade em geral, como estabelece o seguinte Teorema.
Teorema [Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo].
Seja uma função contínua em então a função
definida por
(68)
é
diferenciável em e
Demonstração:
Se e estão em então
logo para
(69)
Suponhamos que Como é contínua em
pelo Teorema de Weierstrassexistem
e em tais que
para todo
Logo,
(70)
Como podemos dividir por
obtendo
(71)
ou equivalentemente,
(72)
A desigualdade anterior pode ser demonstradade forma
similar para
Agora, quando e
Consequentemente,
(73)
pois é contínua, e assim pelo Teorema do Confronto,
(74)
e o Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo fica demonstrado.
Exemplo 4. Ache a derivada da função
Como é contínua, pelo Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo
Exemplo 5. Calcule a derivada de
Utilizamos o Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo e a Regra da Cadeia. Seja então
(75)
(76)
O Segundo Teorema Fundamental do Cálculo
Computar integrais a partir da definição como um limite de somas de
Riemann pode ser um procedimento longo e difícil. O Segundo Teorema
Fundamental do Cálculo nos fornece um método muito mais simples para
o cálculo de integrais.
Teorema [Segundo Teorema Fundamental do Cálculo].
Suponha que é contínua em então
onde é qualquer antiderivada de ou seja, uma função tal que
Demonstração. Seja Pelo Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo,
ou seja, é uma antiderivada de . Temos queduas antiderivadas só podem diferir por uma
constante portanto, onde é uma constante.
Fazendo a fórmula implica que e fazendo temos Daí,
(77)
e a demonstração está completa.
Notação.
Utilizaremos a notação
(78)
Desse modo o Segundo Teorema Fundamental do Cálculo pode ser reescrito
(79)
Exemplo 6. Calcule a integral de no intervalo .
(80)
Exemplo 7. Calcule .
Integração por Substituição na Integral Definida
Existem dois métodos para calcular uma integral definida por
substituição. Um deles consiste em calcular primeiro a integral
indefinida e então usar o Segundo Teorema Fundamental do Cálculo. Por exemplo,
(81)
(82)
Um outro modo consiste em se mudar os limites de integração ao se
mudar a variável.
Regra da Substituição para
Integrais Definidas.
Se for contínua em e for
contínua na variação de , então
(83)
Demonstração. Seja uma antiderivada de Então, é uma antiderivada de
logo, pelo Segundo Teorema Fundamental do Cálculo ([Segundo Teorema Fundamental do Cálculo]), temos
(84)
Por outro lado, aplicando uma segunda vez o Segundo Teorema Fundamental do Cálculo também temos
(85)
Exercício. Determine:
(a) ;
(b) .
(a)
Tome . Então, .
Logo, .
Quando , ; quando , .
Logo, trocando integrando, e limites de integração,
Outro modo é primeiro encontrar a antiderivada:
.
Agora basta calcular
.
(b)
Tome . Então .
Logo, .
Quando , ; quando , .
Logo, trocando integrando, e limites de integração,
Outro modo é primeiro encontrar a antiderivada:
Agora basta calcular
Exemplo 8. Calcule .
Fazendo temos ou Quando quando
Assim,
(86)
(87)
Integração por Partes na Integral Definida
Combinando a fórmula de integração por partes com o Segundo Teorema Fundamental do Cálculo, podemos
avaliar integrais definidas por partes.
Proposição.[Integração por Partes]
Sejam e funções deriváveis em com e integráveis.
Então
(88)
Demonstração.
Seja . Pela regra da derivada do produto,
.
Assim, integrando os dois lados de até e utilizando oTFC
temos que:
Rearrumando os termos obtemos o resultado.
Exercício.
Determine:
a) ;
b) .
a) Tome e . Assim, e .
Logo,
.
Agora utilizamos os limites de integração:
.
Caso tivessemos feito e , teríamos
e .
Assim,
,
uma integral ainda mais complicada.
b) Tome e . Assim e .
Logo,
.
Exemplo 9. Calcule .
Fazendo temos
Quando quando Assim,
(89)
Deslocamento e Espaço Percorrido
Consideremos uma partícula que se desloca sobre o eixo
com equação de posição e com velocidade
contínua em . Sabemos que , ou
seja, é uma antiderivada de . Portanto, pelo
[Segundo Teorema Fundamental do Cálculo], temos
(90)
que é o deslocamento da partícula entre os
instantes e .
Para calcular a distância percorrida
durante o intervalo de tempo, teremos que considerar os intervalos
quando e também quando Portanto,
definimos por
(91)
o espaço percorrido pela partícula entre os instantes
e.
Quando, para todo , então
((90)) e ((91)) implicam que o espaço percorrido pela
partícula e o seu deslocamento coincidem entre os
instantes e e são iguais à
(92)
Exercício.Uma partícula desloca-se sobre o eixo com velocidade
.
Calcule o deslocamento entre os instantes e .
Calcule o espaço percorrido entre os instantes 1 e 3.
(93)
(94)
(95)
Interpretação: em a velocidade
é positiva, o que significa que neste intervalo a partícula avança
no sentido positivo; em a velocidade é negativa, o que
significa que neste intervalo a partícula recua, de tal modo que em
ela volta a ocupar a mesma posição por ela ocupava no
instante
Logaritmo e Exponencial
O Logaritmo Definido como uma Integral
Nesta seção vamos apresentar uma definição alternativa do logaritmo a partir da integral de e da exponencial como a função inversa do logaritmo.
A função é contínua em .
Pelo teorema fundamental do cálculo, tem uma antiderivada em
no intervalo com pontos finais e sempre que . Esta
observação permite-nos fazer a seguinte definição.
Definição 6. A função logaritmo natural é a função
definida como
(96)
Proposição.
A função logaritmo é contínua e diferenciável em todo seu domínio e satisfaz:
A continuidade da função logaritmo éconsequência de sua diferenciabilidade.
Para demonstrar o item, seja
onde é uma constante positiva. Pela Regra da Cadeia, temos
(98)
Portanto, e tem a mesma derivada, então diferem por uma constante:
(99)
Fazendo temos que Assim,
(100)
e substituindo temos a propriedade
O item também pode ser demonstrado do seguinte modo
Agora fazemos a substituição e assim temos
Para demonstrar o utilizaremoso item com temos que
(101)
Agora,
(102)
Finalmente o item é demonstrado de maneira análoga e será deixado como exercício.
Gráfico do logaritmo.
Proposição.
A função é crescente e
seu gráfico é côncavo para baixo em todos os pontos.
Observe que em particular esta Proposição implica que é
injetiva.
Demonstração.
Como a derivada de é sempre positiva, o logaritmo é crescente e como a derivada
segunda é sempre negativa, o logaritmo é
côncavo para abaixo em
Proposição.
Demonstração. Observe que e para,
. Como é crescente,
quando , . Como
,
então .
Proposição.
Demonstração. Se , então e
. Seja ; então
Logo, o domínio de é e a imagem é
; como mostra a Figura.
Como ,
e é uma função contínua crescente, pelo Teorema do Valor
Intermediário, existe um número onde assume o
valor 1. Esse número é denotado por
Definição 7. Denotamos por o número tal que
Esta definição é consistente com a definição do número como um
limite. Para isso demonstraremos que
(103)
Seja Então e pela definição de
derivada
pois a função é
contínua. Assim,
(104)
e portanto
(105)
Função Exponencial
Agora vamos apresentar uma nova definição da função indiscutivelmentemais importante em toda a matemática.
Nós já observamos que a função é injetiva e, portanto, tem uma inversa.
Definição 8.
A função inversa de é
, denominada defunção exponencial natural.
O domínio de é os números reais e sua imagem é.Observe que como é a inversa de,
para , e
para todo .
Além disso, como consequência das propriedades do
temos que , , , e
.
Proposição. A função exponencial é diferenciável em todos os pontos do domínio
e
(106)
Demonstração.
Pelo Teorema da Função Inversa, possuiderivada em todos os pontos. O teorema também
nos diz qual é derivada. Alternativamente, podemos calcular a
derivada usando diferenciação implícita:
Deixe , então . diferenciando
em relação a chegarmos
.
Assim, .
Como, é uma função crescente cujo gráfico é concavo para cima.